Ambiente

Projeto de lei que exige canudos de papelão em Santa Maria divide opiniões

Joyce Noronha


Foto: Deni Zolin
Muitos canudos de plástico vão parar nas ruas e nos rios e mares, gerando problemas ambientais e sendo engolidos por animais

Mesmo que ainda esteja no aguardo de sanção pelo prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), o projeto de lei que proíbe o uso de canudos de plástico em bares, restaurantes e afins, aprovado na quinta pela Câmara, divide opiniões de consumidores. Já os representantes de estabelecimentos dizem ser válida a proposta apresentada pelo vereador Admar Pozzobom (PSDB), mas um restaurante questiona o texto, que exige apenas o uso de canudos biodegradáveis, sem a possibilidade de uso de canudos reutilizáveis, como os de metal ou vidro. Se o projeto virar lei, haverá 180 dias para estabelecimentos se adaptarem.

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O dono do restaurante Royal Grill, Luis Henrique Pascotini, conta que, mesmo sem sanção do texto, fez a encomenda de canudos de papel. Ele conta que os canudos ficam no balcão para os clientes pegarem e que muitas pessoas têm o costume de usar o utensílio. Mesmo com a troca dos canudos, Pascotini diz que ainda usará copos de plástico, pois os clientes pedem.

Já no Center Grill, os copos são de vidro e o subgerente, Anderson Soares, conta que há meses os garçons foram instruídos a não levar mais canudos para as mesas. Ele destaca que o uso deste material reduziu consideravelmente, mas o restaurante tem canudos plásticos caso os clientes solicitem. Soares diz que ainda não comprou os canudos biodegradáveis, pois não achou local que venda este tipo de produto na cidade. Mas, se o projeto virar lei, ele fará a substituição, nem que encomende de fora.

O Restaurante Mexicano La Lupita usa canudos de vidro há cinco meses, diz a gerente de comunicação do estabelecimento, Kellen Caldas. Ela questiona o ponto do texto que define só o uso de canudos de papelão, pois acredita que os reutilizáveis auxiliem na redução de plástico e de lixo. Kellen diz que o canudo de vidro vem com uma bucha específica para a limpeza e não vê problema no reuso do canudo. 

- É como um talher, prato ou copo. Nós temos que manter o padrão de higiene como de qualquer outro material que utilizamos no restaurante - diz Kellen.

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O superintendente municipal de Vigilância em Saúde, Alexandre Streb, diz que não conhece o teor do texto. Contudo, afirma que, caso passe a ser permitido o uso de canudos reutilizáveis, o setor de alimentos da vigilância, que é responsável pela fiscalização de bares, restaurantes e afins, com certeza terá mais um item para avaliar. 

A OPINIÃO DOS INTERNAUTAS

Na fanpage do Diário no Facebook, dezenas de leitores opinam sobre o projeto de lei:

PROFESSORA SUGERE MUDANÇA

A criadora da Comissão de Coleta Seletiva Solidária da UFSM, Marta Tocchetto, que é professora do Departamento de Química da instituição e colunista do Diário, diz que a proposta do projeto de lei é muito boa, mas está com o texto mal elaborado. Para ela, trocar os canudos de plástico pelos de papel apenas altera um tipo de lixo por outro.

- Entendo que o papel é biodegradável e vai demorar menos que o plástico para se decompor, mas seguirá sendo acúmulo de lixo depois que o canudo é usado. Estes itens pequenos, como canudos, sacolinhas plásticas, não entram na triagem dos recicladores e comumente param em bueiros e rios. O texto deveria acrescentar: "canudos biodegradáveis e/ou reutilizáveis".

BIÓLOGA CRITICA PLÁSTICOS

A bióloga Michele Fanfa participou como voluntária do Projeto Tamar, em Ubatuba, São Paulo, de outubro 2013 a janeiro 2014 e conta que a quantidade de lixo afeta muito a vida marinha. Quando as tartarugas morrem, pesquisadores fazem necropsia nos animais e muito lixo, principalmente plástico, é achado nos estômagos dos bichos. Mesmo Santa Maria não sendo cidade litorânea, Michele destaca que a natureza funciona como um todo e que o lixo produzido em qualquer cidade pode chegar ao mar e aos oceanos.

- Temos os rios que desaguam em outros rios, até que chegam ao mar. Além disso, nestes rios existem ecossistemas e os resíduos afetam todos os animais. Acho que é importante, não só Santa Maria, mas qualquer cidade pensar o descarte do lixo e como isso afeta a vida marinha e a natureza, porque faz diferença, sim - diz ela.

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